A colangite esclerosante primária (CEP) é uma doença rara e progressiva das vias biliares que afeta o fígado e pode causar complicações graves ao longo do tempo. Embora ainda pouco conhecida do grande público, essa condição merece atenção, principalmente por sua associação com outras doenças inflamatórias, como a colite ulcerativa, e pelo risco aumentado de evoluir para cirrose ou câncer de vias biliares.
Neste artigo, vamos explicar o que é a colangite esclerosante primária, seus sintomas, diagnóstico, tratamento e a importância do acompanhamento com um especialista em fígado e vias biliares.
O que é a colangite esclerosante primária?
A colangite esclerosante primária é uma doença inflamatória crônica que provoca endurecimento (esclerose) e estreitamento progressivo dos ductos biliares, canais que transportam a bile do fígado para o intestino.
Essa inflamação contínua leva a acúmulo de bile no fígado, causando lesões hepáticas, fibrose (cicatrização do tecido) e, em muitos casos, cirrose hepática. Trata-se de uma doença autoimune, ou seja, o próprio sistema imunológico ataca por engano as vias biliares.
Quais são os sintomas da colangite esclerosante primária?
Em muitos casos, a CEP é assintomática no início, sendo descoberta por alterações em exames laboratoriais de rotina. Quando os sintomas aparecem, os mais comuns são:
- Fadiga intensa
- Coceira na pele (prurido)
- Icterícia (pele e olhos amarelados)
- Dor abdominal no quadrante superior direito
- Febre e calafrios (em casos de infecção biliar associada)
Com o tempo, a doença pode causar complicações hepáticas, como cirrose, insuficiência hepática e até a necessidade de transplante de fígado.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da colangite esclerosante primária envolve uma combinação de:
- Exames laboratoriais: enzimas hepáticas alteradas (especialmente fosfatase alcalina)
- Exames de imagem: Colangioressonância magnética (MRCP) ou colangiografia para visualizar as alterações nas vias biliares
- Biópsia hepática (em alguns casos): para avaliar a extensão da lesão hepática
- Avaliação de doenças associadas, como doença inflamatória intestinal
É fundamental que o diagnóstico seja feito por um especialista em fígado, como o cirurgião do aparelho digestivo com atuação hepato-biliar ou hepatologista especializado em doenças biliares, que poderá indicar o melhor caminho para o controle da doença.
Existe tratamento para colangite esclerosante primária?
Não existe cura definitiva para a colangite esclerosante primária. O tratamento tem como objetivo aliviar os sintomas, retardar a progressão da doença e evitar complicações.
As opções incluem:
- Medicamentos para controle de sintomas como coceira e para proteger o fígado
- Tratamento de complicações biliares, como dilatação de estenoses por endoscopia
- Monitoramento regular com exames de sangue e imagem
- Em estágios avançados, transplante de fígado pode ser indicado, especialmente em casos de falência hepática ou risco de câncer.
Acompanhamento é fundamental
A colangite esclerosante primária exige seguimento contínuo e multidisciplinar. O paciente deve ser acompanhado por especialistas em fígado e vias biliares, com exames regulares e atenção a sinais de complicações.
Além disso, é essencial investigar a presença de doença inflamatória intestinal associada, como a colite ulcerativa, que está presente em até 80% dos casos de CEP.
Quando procurar um especialista?
Se você apresenta sintomas como fadiga inexplicada, coceira intensa, icterícia ou alterações nas enzimas hepáticas, procure avaliação com um hepatologista ou cirurgião do aparelho digestivo com experiência em doenças das vias biliares.
O diagnóstico precoce e o acompanhamento adequado podem fazer a diferença na qualidade de vida e no prognóstico do paciente.
Conclusão
A colangite esclerosante primária é uma doença crônica, rara e complexa, que compromete as vias biliares e o fígado. Embora ainda sem cura, o diagnóstico precoce e o tratamento especializado são fundamentais para controlar os sintomas, evitar complicações e planejar o tratamento adequado — inclusive com transplante de fígado, se necessário.
Se você ou alguém da sua família vive com essa condição, saiba que não está sozinho e que existem especialistas preparados para acompanhar e orientar cada etapa dessa jornada.