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Brasil bate recorde de transplantes em 2024, mas ainda enfrenta grandes desafios

O Brasil atingiu um marco significativo na saúde pública em 2024, com a realização de 30.300 transplantes de órgãos — o maior número da história. Segundo o Ministério da Saúde, isso representa um aumento de 5,5% em relação a 2023, quando foram feitos 28.700 procedimentos.

Entre os órgãos mais transplantados estão:

  • Córnea: 17.107 transplantes

  • Rim: 6.320

  • Medula óssea: 3.743

  • Fígado: 2.454

Mais de 90% desses procedimentos são realizados pelo SUS, reafirmando o papel fundamental do sistema público no acesso à medicina de alta complexidade.

No entanto, a fila por um órgão ainda é longa: 78 mil pessoas aguardam por um transplante no Brasil. Só de rins, são mais de 42 mil pacientes.


O paradoxo: mais transplantes, menos doadores

Apesar do recorde, o número de doadores efetivos caiu: foram 4.086 em 2024, contra 4.129 em 2023. Um dado preocupante é que 45% das famílias recusam a doação quando abordadas.

Como cirurgião do aparelho digestivo e especialista em transplante hepático, posso afirmar que essa recusa não é, necessariamente, falta de solidariedade. Muitas vezes, é falta de informação clara, empatia no momento da abordagem e desconhecimento da vontade do ente falecido.


Novas medidas do Ministério da Saúde

Para reverter esse cenário, o governo anunciou ações importantes:

  • R$ 20 milhões anuais (a partir de 2026) para financiar e treinar equipes que entrevistam familiares de possíveis doadores.

  • Reajuste de pelo menos 81% nos valores repassados para a compra de substâncias usadas na preservação dos órgãos (valores que estavam congelados há duas décadas).

  • Ampliação das campanhas de conscientização sobre doação de órgãos.

Segundo a coordenação do Sistema Nacional de Transplantes, a maioria das famílias doa quando entende claramente o diagnóstico e os procedimentos. Ou seja: a informação e o acolhimento salvam vidas.


Conclusão

A conquista de 2024 é relevante e deve ser celebrada. Mas não podemos ignorar que mais de 60% dos órgãos disponíveis ainda não são aproveitados, seja por dificuldades logísticas, questões clínicas ou negativas familiares.

Que este momento sirva para renovarmos nosso compromisso com a educação sobre a doação de órgãos, com a valorização das equipes de transplante e com a defesa do SUS, que segue sendo um exemplo mundial.

Dr. Klaus
Cirurgião do Aparelho Digestivo
Especialista em Cirurgia Hepato-Pancreato-Biliar e Transplante Hepático

 

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