A adenomiomatose da vesícula biliar é uma condição benigna, pouco conhecida pela população, mas frequentemente identificada em exames de imagem realizados por outros motivos. Apesar de, na maioria dos casos, não apresentar riscos graves, ela pode gerar sintomas desconfortáveis e levantar dúvidas sobre a necessidade de tratamento cirúrgico.
Neste artigo, explico de forma clara o que é a adenomiomatose, porque ela acontece, quais são os sintomas e quando é necessário intervir.
O que é adenomiomatose da vesícula biliar?
A adenomiomatose é uma alteração benigna da parede da vesícula biliar, caracterizada por um espessamento focal ou difuso da sua camada muscular, associado à formação de pequenas invaginações chamadas sinusóides de Rokitansky-Aschoff.
Essa condição provoca uma espécie de “reorganização” da estrutura da vesícula, podendo se apresentar de três formas principais:
- Segmentar: espessamento restrito à região do corpo da vesícula (a forma mais comum).
- Focal: acomete uma pequena área localizada, geralmente no fundo da vesícula.
- Difusa: toda a vesícula apresenta espessamento.
A adenomiomatose não está associada a câncer, mas, quando sintomática, pode ser confundida com outras doenças da vesícula, como a colelitíase.
Quais são as causas?
As causas da adenomiomatose ainda não são totalmente conhecidas. Acredita-se que o seu desenvolvimento esteja relacionado a alterações na pressão interna da vesícula biliar, que podem levar à hipertrofia da musculatura da parede e à formação das invaginações mucosas.
Não se trata de uma doença hereditária ou inflamatória, e sua ocorrência costuma ser mais comum em adultos, especialmente em pessoas acima dos 50 anos.
Quais são os sintomas?
Em muitos casos, a adenomiomatose é assintomática e descoberta acidentalmente em exames como a ultrassonografia ou a ressonância magnética do abdômen.
No entanto, alguns pacientes podem apresentar sintomas semelhantes aos da colelitíase (presença de cálculos na vesícula), como:
- Desconforto ou dor no lado superior direito do abdômen
- Sensação de estufamento após as refeições
- Náuseas ocasionais
- Indisposição digestiva relacionada à ingestão de alimentos gordurosos
Quando a adenomiomatose é segmentar e causa obstrução parcial do fluxo da bile, esses sintomas tendem a se intensificar.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é feito principalmente por exames de imagem, sendo a ultrassonografia abdominal o método mais utilizado inicialmente. A adenomiomatose pode se manifestar com espessamento da parede vesicular, presença de pequenas imagens císticas ou artefatos característicos (como o “comet tail”).
Em casos em que há dúvida diagnóstica ou necessidade de maior detalhamento, a ressonância magnética das vias biliares (colangiorressonância) pode ser indicada.
Quando é necessário tratar?
Como a adenomiomatose é uma alteração benigna, o tratamento depende da presença de sintomas:
- Casos assintomáticos: geralmente não necessitam de tratamento cirúrgico, apenas acompanhamento clínico periódico.
- Casos sintomáticos ou com diagnóstico associado a cálculos biliares: nesses casos, a cirurgia para retirada da vesícula (colecistectomia) pode ser indicada, especialmente se os sintomas afetam a qualidade de vida.
A cirurgia é realizada, na maioria das vezes, por videolaparoscopia, técnica minimamente invasiva, que permite uma recuperação rápida e segura.
Conclusão
A adenomiomatose da vesícula biliar é uma condição benigna e relativamente comum, muitas vezes diagnosticada de forma incidental. Embora, na maioria dos casos, não apresente riscos ou sintomas, é importante que qualquer alteração na vesícula seja avaliada por um cirurgião do aparelho digestivo para definição da melhor conduta.
Se você recebeu esse diagnóstico em um exame ou tem sentido desconforto abdominal recorrente, procure um especialista. O acompanhamento adequado é fundamental para garantir segurança, bem-estar e tranquilidade.
