O fígado é o maior órgão sólido do aparelho digestivo e é fundamental para o bom funcionamento do nosso organismo, exercendo muitas funções importantes. Dentre as principais, podemos citar: depuração e eliminação de toxinas do sangue, atuação na defesa contra infecções, aumento no depósito de energia, produção da bile para o processo digestivo, entre outras.
Por receber o sangue que vem de todo o organismo, o fígado é um dos principais lugares onde podem surgir metástases, que são tumores originários inicialmente em outros órgãos, que atingem o fígado.
Diferente do chamado câncer primário de fígado, a metástase hepática é um problema geralmente relacionado à estágios mais avançados de outros tipos de câncer, como o câncer de pâncreas, câncer de estômago e, principalmente, o câncer colorretal.
O câncer colorretal é aquele que atinge o intestino grosso (também chamado de cólon) e o reto. Estima-se que cerca de 60% a 70% dos pacientes com esse tumor tem chance de desenvolver a metástase hepática, sendo que em torno de 25% dos pacientes que descobrem ter câncer colorretal, já apresentam metástase hepática.
Além do câncer colorretal, outros tumores primários também apresentam alta probabilidade de desenvolver metástase hepática, como: câncer pâncreas, vesícula biliar, vias biliares, estômago, mama, pulmão, ovário, rim, esôfago e pele.
Portanto, se você já teve câncer em qualquer lugar do corpo, deve manter o acompanhamento regular com seu médico e realizar os exames de controle, o que favorece o diagnóstico precoce de metástase hepática, com maior chance de cura.
Quais são os sintomas da metástase hepática?
Cerca de 40% dos pacientes com metástase hepática não apresentam sintomas. Além disso, os sintomas quando presentes variam de acordo com o tipo de tumor e grau de comprometimento do fígado. Assim, os mais frequentes são:
- Perda de apetite e/ou sensação de estufamento;
- Cansaço ou fraqueza constantes;
- Coceira;
- Icterícia (amarelamento da pele ou da parte branca dos olhos);
- Ascite (distensão abdominal, devido ao acúmulo de líquidos);
- edema nas pernas;
- urina escura ou fezes sem cor;
- Dor na parte superior direita do abdômen.
Como é feito o diagnóstico da metástase hepática?
Alterações no exame físico do paciente, normalmente só estarão presentes em estágios avançados da doença, por isso, o melhor método para diagnosticar a metástase hepática em estágios iniciais é através dos exames laboratoriais e de imagem, como:
- Exame de função hepática;
- Marcadores tumorais;
- Ultrassonografia;
- Tomografia computadorizada;
- Ressonância magnética.
Qual o tratamento para a metástase hepática?
A escolha da abordagem e tratamento mais adequado dependerá de cada caso e deve ser individualizada para cada paciente. São levados em consideração fatores, como: resposta do tumor à quimioterapia, tamanho, localização e quantidade de lesões, idade e estado de saúde do paciente.
Quando as metástases são poucas e não estão afetando a função hepática, uma possível abordagem é a ressecção cirúrgica, com chance de cura em vários casos. A cirurgia pode ser realizada por via aberta ou minimamente invasiva.
Outra possibilidade é a ablação por radiofrequência ou micro-ondas, procedimentos reservados para lesões únicas e pequenas. Nesses casos, uma agulha é introduzida através da pele, diretamente no tumor, causando sua destruição.
Já nos casos em que são diagnosticados diversos tumores ou tumores muito volumosos acometendo grande parte do fígado, pode-se recorrer à diversas modalidades terapêuticas, como: cirurgia em 2 tempos, quimioterapia, quimioembolização ou radioembolização e, mais recentemente, a imunoterapia.
O mais importante no tratamento das metástases hepáticas é sempre ser avaliado por equipe multidisciplinar, com cirurgião especialista em fígado, oncologista, hepatologista e radiologista, que vão definir a melhor conduta para cada paciente, seja através de cirurgia, terapias locais, sistêmicas ou associações entre elas.