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Nódulos benignos hepáticos: quais são, quando e como tratar?

Os nódulos benignos hepáticos são massas ou lesões císticas, que se desenvolvem no fígado, são normalmente assintomáticos e inofensivos, sendo descobertos de modo incidental, durante exame de imagem de rotina. É fundamental entender mais sobre essas lesões, para saber quando se deve fazer alguma intervenção. 

Neste artigo, vamos explorar os diferentes tipos de nódulos hepáticos benignos, suas causas, e quando o tratamento pode ser necessário. Continue lendo, para descobrir o que você precisa saber sobre esses nódulos e como eles podem afetar sua saúde.

O que são nódulos benignos hepáticos?

Nódulos hepáticos benignos são tumores, que se desenvolvem no fígado, de caráter benigno (como o próprio nome já diz), que na maioria dos casos não necessitará de tratamento. Esses nódulos podem ser sólidos ou císticos e são classificados conforme sua origem:

1. Hepatocelular: Adenomas e hiperplasia nodular focal.

2. Epitélio biliar: Cistos hepáticos simples, cistoadenomas e doença policística.

3. Tecido mesenquimal: Hemangiomas.

Geralmente, esses nódulos são descobertos incidentalmente durante exames de imagem e, por serem assintomáticos. A chave para a gestão eficaz desses nódulos é a realização de exames médicos apropriados, que ajudam a determinar a natureza exata dos nódulos hepáticos e a tomar decisões seguras sobre o plano de tratamento ideal. 

Embora sejam benignos, alguns nódulos podem ter risco de malignização ou sangramento, necessitando de tratamento especializado. 

Tipos de nódulos benignos do fígado

Os nódulos hepáticos benignos se dividem principalmente em duas categorias: nódulos sólidos e lesões císticas.

Os nódulos hepáticos benignos sólidos, como os adenomas e a hiperplasia nodular focal, têm origem nas células hepáticas e, em geral, são encontrados durante exames de imagem de rotina. 

Por outro lado, as lesões císticas, que incluem cistos hepáticos simples e cistoadenomas, se desenvolvem a partir do epitélio biliar e possuem uma estrutura cheia de líquido.

Vamos explorar cada um desses tipos em detalhes a seguir.

Hemangioma

Os hemangiomas são os nódulos benignos no fígado mais frequentes, formados por múltiplos vasos sanguíneos revestidos por uma única camada de células endoteliais dentro de um estroma fino e fibroso. Considerados malformações vasculares congênitas, esses nódulos são geralmente assintomáticos e frequentemente descobertos incidentalmente em exames de imagem.

Podem ser solitários ou múltiplos e, quando atingem um tamanho igual ou superior a 10 cm, são classificados como hemangiomas gigantes. São facilmente caracterizados por exames de imagem, como a tomografia computadorizada e ressonância magnética, não deixando dúvidas sobre o diagnóstico. 

Raramente causam sintomas, mas quando muito volumosos, podem gerar dor e aumento do volume abdominal. Os hemangiomas não têm potencial para malignidade. 

Hiperplasia Nodular Focal (HNF)

A hiperplasia nodular focal é um tipo de nódulo benigno no fígado caracterizado por uma cicatriz central com septos fibrosos que irradiam para a periferia da lesão. Essas cicatrizes estreladas são uma característica distintiva desse tipo de nódulo.

Como a segunda lesão hepática benigna mais comum, a hiperplasia nodular focal é mais frequentemente encontrada em mulheres entre 20 e 60 anos. Geralmente, essa lesão é assintomática e é descoberta incidentalmente durante exames de imagem. 

Sua associação com estrógeno é controversa, não havendo indicação de suspensão de anticoncepcionais após a confirmação diagnóstica.

O diagnóstico deve ser confirmado por tomografia computadorizada ou ressonância magnética. Se a cicatriz central não estiver presente ou houver dúvidas, o uso de contrastes específicos para o fígado pode ajudar a diferenciar essa condição de adenomas, que têm desfechos clínicos e tratamentos diferentes.

Uma vez confirmado o diagnóstico de hiperplasia nodular focal, não é necessário um tratamento específico, e o paciente pode ser monitorado periodicamente com exames de imagem, sem necessidade de cirurgia.

Adenoma hepatocelular

O adenoma hepatocelular é um nódulo hepático benigno raro, mais comum em mulheres entre 20 e 50 anos. Frequentemente associado ao uso de pílulas anticoncepcionais, contendo estrogênio, e esteroides anabolizantes. A interrupção desses medicamentos é mandatória após o diagnóstico, pois pode levar à regressão da lesão.

O melhor exame para confirmar o diagnóstico de adenoma é a ressonância magnética com uso de contraste específico para o fígado, pois permite diferenciar essas lesões da  hiperplasia nodular focal.

Embora assintomático na maioria dos casos e de bom prognóstico, o adenoma hepatocelular apresenta potencial de malignização e sangramento. Esse nódulo é classificado em cinco subtipos principais: adenoma hepatocelular inflamatório (35-40%), adenoma hepatocelular com mutação HNF-1a (35-40%), adenoma hepatocelular com mutação de beta-catenina (10%), adenoma hepatocelular “Sonic” (5%) e adenoma hepatocelular não classificado (5%).

A chance de malignização é maior no subtipo com mutação de beta-catenina e em pacientes do sexo masculino. Nesses casos, a ressecção cirúrgica do nódulo deve ser realizada, independentemente do tamanho da lesão. Já a chance de sangramento é maior no subtipo inflamatório e nas lesões maiores de 5 cm. Para esses casos, deve-se suspender o uso de anticoncepcionais e fazer acompanhamento periódico com exames de imagem.

Cistos hepáticos simples

Os cistos hepáticos simples são lesões císticas benignas, com conteúdo líquido claro e que não se comunicam com a via biliar intra-hepática. Esses cistos são mais comuns em mulheres e frequentemente localizados no lobo direito do fígado. Embora geralmente assintomáticos, cistos grandes podem causar sintomas inespecíficos como desconforto abdominal, náuseas e sensação de plenitude, principalmente quando localizados no lobo hepático esquerdo, causando compressão no estômago.

Assim como as outras lesões, os exames de tomografia e ressonância são os melhores para confirmação diagnóstica.

Em relação ao tratamento, cistos pequenos e assintomáticos não requerem intervenção ou acompanhamento por imagem se forem encontrados incidentalmente. No entanto, cistos volumosos, que causam sintomas, têm indicação de cirurgia, para “destelhamento” do cisto.

Cistos hidáticos

Os cistos hidáticos são lesões císticas hepáticas causadas pela infecção do parasita Echinococcus granulosus e a transmissão ocorre pela ingestão de alimentos contaminados. No Brasil, é mais prevalente no Rio Grande do Sul. Essas lesões geralmente resultam de uma infecção adquirida na infância ou adolescência, permanecendo latentes por muitos anos. 

Embora geralmente assintomáticos, podem causar sintomas devido ao efeito compressivo ou obstrução das vias biliares intra-hepáticas.

O diagnóstico dos cistos hidáticos envolve a combinação de dados epidemiológicos, sintomatologia clínica, exames de imagem e sorologia específica para o Echinococcus. O tratamento consiste na ressecção cirúrgica da lesão, tomando cuidado para não romper o cisto, para não disseminar a infecção.

Cistoadenomas

Os cistoadenomas hepáticos, também chamados de neoplasias císticas mucinosas não invasivas, representam cerca de 5% das lesões císticas hepáticas. Apesar de benigna, pode ocorrer malignização em 15% dos casos, por isso a importâncis do diagnóstico correto. 

São mais comuns em mulheres entre 40-50 anos e geralmente são assintomáticos, sendo descobertos em exames de imagem de rotina. 

Caracteristicamente, os cistoadenomas apresentam-se como lesões císticas irregulares, destacando-se pela presença de septações internas e calcificações visíveis nos exames de imagem com contraste. Essas características distintivas são cruciais para a diferenciação com o cisto hepático simples. 

Por apresentar potencial de malignização, os cistoadenomas hepáticos devem ser sempre tratados com cirurgia, para ressecção da lesão.

Tratamentos possíveis

Como você viu, existem vários tipos de nódulos benignos no fígado, cada um com suas características e níveis de preocupação. Felizmente, há tratamentos disponíveis para todos, e a técnica utilizada varia conforme o tipo de nódulo detectado, suas características e localização no fígado. 

A seguir, explicamos quais são as possibilidades, quando o tratamento cirúrgico é indicado.

  • Ressecção cirúrgica: indicada para os hemangiomas e HNF volumosos sintomáticos, cistos hidáticos e cistoadenomas, assim como para os adenomas hepatocelulares que complicaram com sangramento ou com suspeita de malignização. Sempre que possível, a cirurgia é realizada por acesso minimamente invasivo (cirurgia laparoscópica).
  • Destelhamento cirúrgico: tratamento reservado para os cistos hepáticos simples, volumosos e sintomáticos. Cirurgia realizada preferencialmente por laparoscopia.
  • Transplante de fígado: tratamento de exceção, reservado para os casos de adenomatose hepática (múltiplos adenomas acometendo o fígado) ou doença policística hepática (múltiplos cistos hepáticos), com comprometimento da função hepática.  

Os tratamentos cirúrgicos para nódulos hepáticos benignos são algumas de minhas especialidades. 

Deseja obter um diagnóstico preciso, ou precisa de tratamento para algum dos nódulos benignos no fígado acima? Agende sua consulta comigo!

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